Tuesday, March 01, 2011

Revolução, Já!

Segundo muitos psicólogos,a maioria das pessoas apenas utiliza uma pequena parte do seu potencial mental, 10%, 5%? Se aplicarmos esta percentagem aos dedos que temos nas mãos, seria como ter dez dedos para usar mas apenas conseguir usar um! Também poderia concordar com quem acha que nada se pode mudar e que o homem está condenado a viver no nível da ganância e do salve-se quem puder que é característico do reino animal. Mas, a ser verdade o que os psicólogos afirmam, há qualquer coisa que parece não bater certo. Para quê ter 100% de potencial mental e só usar 10%?

Muito bem, as boas notícias são o que as últimas investigações científicas sobre a mente humana e a Meditação Transcendental, mostram que é possível, através desta técnica de relaxamento e desenvolvimento mental, expandir a consciência humana, aumentar o coeficiente de inteligência e trazer maior equilíbrio e felicidade ao homem, aumentando a percentagem do potencial de utilização das nossas mentes e, ao mesmo tempo, aumentar o equilíbrio e a harmonia, eliminar o stress, melhorar a saúde física, mental e ambiental.

O mundo mudará (em certo sentido já está a mudar) quando um número suficiente de pessoas (apenas uma pequena percentagem) praticar regularmente técnicas de expansão da consciência, entre as quais a MT é a mais profusamente investigada e a de maior eficácia comprovada nos estudos científicos.

Em tempos fui um revolucionário, no 25 de Abril de 1974. Rapidamente percebi que não era aquela a revolução que poderia mudar a sociedade e criar um mundo melhor. Os homens que apenas utilizam uma pequena parte do potencial mental com que vêm ao mundo não se comportam de acordo com as ideologias, os ideais, porque estão manietados pelo stress e pelo domínio do funcionamento das áreas do cérebro responsáveis pelos comportamentos mais animais (lóbulo occipital). 

O homem que trará uma sociedade nova, mais justa e feliz, é o homem em que o lóbulo pré-frontal assuma plenamente o controlo da sua actividade. Acontece que o stress "fecha" a actividade desta área do cérebro, activando a parte anterior, e o stress crónico (que domina a sociedade actual e os indivíduos) faz isso mesmo, mas de forma crónica! É por isso que ainda domina a irracionalidade, a ganância do lucro, a sede de poder, tão típica dos nossos queridos irmãos animais irracionais. É claro que eu penso que, como seres humanos, somos diferentes! É por isso que continuo a ser revolucionário, mas a minha revolução é a revolução diária e permanente da Meditação Transcendental.

Sobre o Amor

O amor liga. O amor une. Portanto, é um instrumento para a união. E o que há aqui a ser unido? Um pai a um filho, um homem a uma mulher? Um humano a um animal? O homem a Deus ou algo que o substitua, como a natureza, o universo, o cosmos? É um sentimento muito importante. É algo em que o ego desfruta, se sente pleno, satisfeito. É também dar. Gostar é dar, é gostar de dar, dar só porque dá prazer dar. O amor conquista porque todos gostam de receber. Ao dar amor dá-se atenção, cuidado, gentileza, pureza de coração. Um coração que vibra de amor é um coração que transborda de felicidade, plenitude. Viver no estado de amor é viver num sopro leve, num tempo que desaparece a cada segundo que passa, num tempo que engloba tudo em cada bocado de vida, tornando-o eterno. É também força, potência, ilimitada possibilidade de conseguir. O mundo, às costas, é leve para o amante. O amor transforma, baralha, volta a dar. Entra-se nele assim, sai-se assado. Remexe a mente, remexe o corpo. Enche, preenche. Este sentimento é uma força cósmica universal. Atrai só a ideia dele. Tê-lo não significa necessariamente ter algo de concreto, material. É possuir o segredo da vida, da vida plena. O amor é absoluto, não admite compromissos, ou é ou não é. Sente-se o amor. Vê-se na cara, nos olhos. É uma via. Um caminho. Uma meta. É Jesus na sua essência. É Buda. É a via directa para a auto-realização, para os mais altos voos da existência humana. Abre a porta ao sétimo e último estádio de evolução humana, a consciência unitária, o ioga, o nirvana, o reino dos céus dentro de nós. É muito importante, o amor! E é prazer em estado puro. A própria pureza leve da nossa ligação ao alto, ao mais alto, ao Eterno, ao Omnipotente, ao Omnipresente, à memória "smriti" do que serenamente sempre esteve lá, que é o senhor do Universo e que somos... cada um... de nós.

A dádiva!


Algumas frases de grandes homens e mulheres iluminados fazem-nos intuir e ter um vislumbre da transcendência, do absoluto, da experiência divina. Aquilo que é característico, para mim, em Maharishi, é que ele não se limitou a dar-nos muitos desses "insites", nem foi esse o seu contributo realmente distintivo. Ele deu-nos uma técnica para experimentarmos o Ser, uma tecnologia da consciência, um instrumento prático que nos permite aceder regularmente à consciência pura do Ser eterno e absoluto e incorporará-la na experiência do campo relativo, sempre em mutação, da nossa vida normal de todos os dias. Esta é a sua grande dádiva à humanidade.

Funcionamento integrado do cérebro através da MT

Tradução do site: http://tmdoctors.info/braindev.htm




A investigação sobre o cérebro descobriu que a Meditação Transcendental desenvolve o funcionamento do cérebro de uma forma que não se pensava ser possível até agora. Com a prática regular da MT o funcionamento do cérebro melhora, evoluindo do nível baixo de ordem, integração e coerência que é encontrado na maior parte das pessoas para graus crescentes de ordem, integração e coerência. 

Os dois diagramas acima são o resultado da análise de computador da actividade eléctrica do cérebro, designada como "ondas cerebrais" ou Electroencefalograma (EEG). Quanto mais "ondas" brancas, mais coerência. 

Durante a sessão de EEG do iniciante (precisamente, no primeiro dia de prática da MT) o sujeito sentou-se inicialmente com os olhos fechados, começando depois a MT. A coerência surgiu apenas durante a MT e somente na frequência alfa (10 hz), como se pode ver na figura da esquerda. No caso do meditante avançado, foi encontrada coerência mesmo quando os olhos estavam abertos, tendo aumentado depois, quando os olhos se fecharam, e mais ainda durante a meditação. Continuou depois da meditação. Também apresentou coerência em todas as principais frequências EEG, como se vê na figura da direita.

O governo é o espelho inocente da consciência colectiva

O governo é o espelho inocente da consciência colectiva. Esta é o produto do conjunto das consciências individuais. A capacidade de escolher um bom governo e de o demitir caso não sirva depende da qualidade da consciência colectiva de um povo. 

Quando o stress é prevalente na consciência individual e colectiva as escolhas tendem a ser deficientes, feitas de acordo com os impulsos mais primitivos emitidos pela parte anterior do cérebro. Uma vez que o stress faz com que a parte posterior do cérebro, o córtex pré-frontal (responsável pelo planeamento, pelo juízo moral e pela racionalidade) feche, dando lugar à "resposta de fuga ou luta" característica do animal que há em nós, em que assume funções a parte traseira do cérebro, e tendo também em conta que o stress, quando é crónico (como acontece a nível da consciência colectiva das nossas sociedades) fecha a actividade do córtex pré-frontal dos cérebros da população de forma também crónica, o resultado é que as escolhas dos governos é baseada em impulsos mais animais que racionais, numa consciência mais ilusória que real, mais mesmerizada do que alerta. Com este estado de consciência lidam, nomeadamente, a publicidade e a propaganda (ver "O Século do Ser" - documentário da BBC da maior importância), instrumentos decisivos no controlo das mentes mesmerizadas, ao serviço de mentes... cegas.

É aqui que a Meditação Transcendental tem um papel chave para abrir a consciência à Realidade, activando o córtex pré-frontal e colocando em funcionamento equilibrado todas as partes do cérebro, optimizando o seu funcionamento e libertando o seu pleno potencial de conhecedor e de criador. Quando praticada em grandes grupos, e com as técnicas avançadas, como o voo ióguico, o efeito é exponencial a nível da consciência colectiva, e resultando em paz e realização tanto a nível individual como social.




O texto abaixo, a propósito do seu quarto aniversário, mostra o resultado experimental da Assembleia da América Invencível neste contexto.


Fourth Anniversary of the Invincible America Assembly, July 23, 2010 Large Group Meditations Produce Dramatic Decrease in Violent Crime, Rise in “Peacefulness,” as PredictedMurder Rates Inexplicably at 40-Year Lows in Many U.S. Cities

“We predict that America will rise to become a true powerhouse of peace when the number of group meditation experts in Iowa rises from its current average of 1850 to the desired level of 2500, which is predicted to cause a more profound and comprehensive shift in these positive trends away from violence towards peace.”

— Dr. John Hagelin, Executive Director, International Center for Invincible Defense. An unexpected drop in crime last year, with homicide rates in some major U.S. cities plunging to levels not seen in four decades, and a rise in “peacefulness” in the nation are among the findings of the first-ever scientific demonstration project, now entering its fifth year, documenting the long-term peace-promoting effects of large group meditations on national trends in America. 

The “Invincible America Assembly” was launched on July 23, 2006, at Maharishi University of Management in Fairfield, Iowa. Dr. John Hagelin, executive director of the International Center for Invincible Defense and director of the Invincible America Assembly, predicted in advance of the start of the Assembly a significant drop in violent crime nationwide, and improved U.S. relations overseas. Dr. Hagelin’s predictions have been borne out by FBI Uniform Crime Reports and by an independent analysis of U.S. domestic and foreign policy trends. 

As the Washington Post reported on May 25, 2010: “The national violent crime rate had risen in 2005 and 2006 …. But crimes of violence began going down in 2007, falling 0.7 percent that year and then an additional 1.9 percent in 2008. The trend accelerated [in 2009] with a 5.5 percent reduction in overall violent crime and a decrease of 8.1 percent in robberies, 4.2 percent in aggravated assaults and 3.1 percent in rapes.” Reuters highlighted the dramatic and unexpected reductions in crime rates in 2009:“Year-end statistics from the largest U.S. cities defy the predictions of many police commanders who braced for a crime wave they expected to be unleashed by the recession, rising home foreclosures and social despair.

“Last year turned out to be the safest on record in New York City, with the murder rate in the nation's biggest metropolis plunging to its lowest level since the city began gathering comparable data in the early 1960s.

“Crime overall was down about 11 percent in New York and off 12 percent Chicago. The number of murders in Dallas fell for a second straight year in 2009 to its lowest mark since 1967.

“Los Angeles, the second-most populous U.S. city, posted its lowest crime rate in about 50 years, with violent crimes including homicide dropping nearly 11 percent from 2008 levels and property crimes down 8 percent for the same period. Homicides alone in Los Angeles dropped by 18 percent.” 

Global Peace Index shows rise in U.S. “peacefulness”At the same time, according to the “Global Peace Index” (GPI) of the Institute for Economics and Peace, the U.S. experienced the biggest year-on-year improvement in peacefulness since 2007. (The GPI is composed of 23 qualitative and quantitative indicators, which combine internal and external factors ranging from military expenditure to relations with neighboring countries and levels of violent crime.)

“It is possible that reductions in homicide rates, armed robbery, assaults, and rapes—as well as an improvement in ‘peacefulness’—might have occurred, individually, on their own. But the fact that all this good news began when we launched our Assembly in July 2006—exactly as we predicted four years ago—is well beyond chance. It is the direct result of the coherence created by the Invincible America Assembly,” Dr. Hagelin said.

Positive influence of group meditations is immediate and profoundExtensive published research shows that coherence and positivity are created in collective consciousness when a small number of people practice Transcendental Meditation and its advanced Yogic Flying technique together in a group. This rise of positivity in collective consciousness reduces negative trends, including crime and violence, and improves economic trends. 

“Rigorous statistical analysis shows that the upsurge of positive trends started on the month the Assembly began—July 2006—when an initial group of 1200 experts assembled from across the U.S. and around the world to practice these technologies in a group,” said Dr. Hagelin, who added that when the number of group meditation experts rises from its current average of 1850 to the desired level of 2500, America will rise to become a true powerhouse of peace. “Twenty-five hundred is the number required to create a far more profound and comprehensive shift in these positive trends away from violence towards peace,” Dr. Hagelin said. The Invincible America Assembly has been funded by a grant from the Howard and Alice Settle Foundation for an Invincible America.

Mantendo o Seu Córtex Pré-frontal "Online": Neuroplasticidade, Stress e Meditação

O texto abaixo é a tradução de um artigo da escritora Jeanne Ball, da Fundação David Lynch, que pode ser lido na versão inglesa original aqui.


À medida que avançamos na vida, o nosso cérebro vai mudando e vai-se adaptando sempre, dizem os neurocientistas. Nos primeiros 18 a 20 anos da vida o cérebro está a desenvolver circuitos que formarão a base do processo de tomada de decisões de toda uma vida. Os investigadores do cérebro descobriram que os estilos de vida não saudáveis podem inibir o desenvolvimento normal deste órgão nos adolescentes e conduzem a julgamentos desajustados e a um comportamento destrutivo que se prolonga pela idade adulta. As experiências traumáticas, o abuso do álcool e das drogas, o crescimento negligenciado num lar desestruturado, a vida dominada pelo medo da violência e do crime, ou mesmo uma má dieta alimentar podem interferir com o desenvolvimento dos lobos frontais, que são o sistema executivo do cérebro. Isto pode causar problemas comportamentais. O investigador do cérebro, Dr. Fred Travis explica: "quando os lobos frontais de uma pessoa não se desenvolvem devidamente, ela live uma vida primitiva. Não planeia - porque não consegue - o que vem a seguir. O seu mundo é simplista, e só consegue lidar com o que lhe está a acontecer agora. O pensamento torna-se rígido: 'você ou está comigo ou contra mim', ou 'eu e o meu gang somos bons, e todas as outras pessoas são más'"

Evidência científica de que a Meditação Transcendental funciona

“Tal como há muitos tipos de medicação, há também muitas aproximações que se designam por 'meditação'. A maior parte da investigação tem sido, de longe, feita sobre a técnica de Meditação Transcendental —e os resultados indicam claramente que a MT funciona melhor do que outras técnicas mentais de promoção da saúde investigadas. Se a investigação mostrar que um medicamento específico ajuda a tratar uma desordem, seria irresponsável e ilógico concluir que todos os medicamentos ajudam a tratar aquela desordem. Da mesma forma, a investigação sobre a MT não deve ser generalizada ao ponto de incluir outras técnicas que se chamem também 'meditação'. Devemos inteligentemente escolher aquilo que funciona e aquilo que é suportado pela investigação científica. Portanto, eu apoio fortemente a introdução, especificamente, da Meditação Transcendental nas escolas e nos sistemas de saúde da nossa nação." —James Krag, M.D., Fellow da American Psychiatric Association, presidente da Virginia Association of Community Psychiatrists, e director médico dos Valley Community Services Board em Staunton, Virginia.

Ficando cada vez melhor à medida que envelhece: Clint Eastwood e a Meditação Transcendental


Por Mario Orsatti, em Maio de 2010, Transcendental Meditation Blog


As pessoas que envelhecem bem são uma inspiração - especialmente para mim, que cheguei aos 60.

Clint Eastwood é, certamente, um óptimo exemplo. Aos 62 anos, Eastwood ganhou o seu primeiro Óscar pelo filme Unforgiven. Depois, como muitos realizadores acreditam, com a idade, ele apenas foi ficando mais forte e melhor, trilhando um caminho espantoso de sucessos criativos.

Eastwood tem agora 79 anos, e desde o seu primeiro Óscar, fez já 15 filmes - três dos quais foram nomeados para Melhor Filme. (O seu filme mais recente, Invictus, teve duas nomeações para o Óscar da Academia). Eastwood foi também nomeado para Melhor Realizador ou Melhor actor outras 4 vezes. E também colabora frequentemente na música dos seus filmes.

É claro que eu gosto de pensar que a sua prática da Meditação Transcendental tem tido algo a ver com isto. Numa recente edição da  revista GQ, Clint Eastwood foi questionado sobre a sua prática da MT.

Ainda medita?

Duas vezes por dia.

Em que é que a meditação lhe é útil?

Funciona muito bem. Sou religioso quanto a ela quando estou a trabalhar. Acredito em qualquer ajuda que possamos encontrar para nós próprios... Portanto, a meditação, comigo, é uma coisa de auto-confiança. Pratico-a há quase quarenta anos.

Eastwood revelou publicamente a sua rotina diária de MT nos anos 1970, altura em que apareceu no Merv Griffin Show com o fundador do Programa de Meditação Transcendental, Maharishi Mahesh Yogi. Desde então, tem desfrutado calmamente da prática da MT.

Acho incrível a quantidade de pessoas que praticam a Meditação Transcendental todos os dias, ano após anos. Penso que sei como  elas se sentem, e porquê passam este tempo a transcender todos os dias - porque os faz sentir mais vivos, mais recompostos, e mais capazes de seguir em frente e crescer.

Faz-me lembrar algo que Maharishi escreveu no seu livro, Ciência do Ser e Arte de Viver:

"A expansaõ da felicidade é o propósito da vida, e a evolução é o processo através do qual ela se verifica...
'Se alguém não é feliz, então perdeu o próprio propósito da vida. Se alguém não está constantemente a desenvolver a sua inteligência, poder, criatividade, paz e felicidade, então passou ao lado do próprio propósito da vida. A vida não é para ser vivida em apatia, com falta de empenhamento, e em sofrimento; estas coisas não pertencem à natureza essencial da vida" 

O Ioga Sutra da Paz

Por Thomas Egenes, PH.D. 30 de Setembro de 2010
Tradução minha


No
 Ioga Sutra, o primeiro dos oito membros do Ioga designa-se Yama. Yama tem cinco aspectos, começando por ahimsa, que quer dizer 'não-ferimento' ou 'não violência'. O Mahatma Ghandi tornou o ahimsa famoso quando mobilizou toda a Índia para se libertar da dominação britânica sem disparar um tiro. Martin Lutjer King, Jr., o líder do movimento dos direitos civis nos EUA, foi um entre muitos dos que foram influenciados por Ghandi e pelo seu uso de ahimsa para conseguir a mudança social sem violência.
O Ioga Sutra descreve o que acontece quando uma pessoa está estabelecida no 'não-ferimento': "onde o não-ferimento está estabelecido, na vizinhança disso, as tendências hostis são eliminadas". (2.35)

Em sânskrito: ahimsa-pratishthayam tat-sannidhau vaira-tyagah. A tradução palavra por palavra é: "onde o não-ferimento (ahimsa) está estabelecido (pratishthayam), na vizinhança (sannidhau) disso (tat), as tendências hostis (vaira) são eliminadas (tyagah).

De acordo com o Ioga Sutra, onde está estabelecido o 'não-ferimento'? No estado de ioga, que é definido no segundo sutra do Ioga Sutra, como o completo aquietar da actividade da mente. A mente quieta, a mente estabelecida em ioga, está livre de ferimento, e o Ioga Sutra afirma que, para esta pessoa, o ambiente torna-se livre de hostilidade. S. Francisco de Assis, por exemplo, era famoso por acalmar as pessoas e até os animais em seu redor apenas pelo poder do amor. Um indivíduo que tem a mente cheia de paz irradia uma influência de paz, e portanto, cria uma realidade que é pacífica.

Ter ou não ter - essa é a questão?



Sócrates
No nosso país, após a revolução do 25 de Abril, houve uma classe de pessoas que se quis acrescentar às muito poucas famílias a que Salazar deu o privilégio de poderem "ter", de serem economicamente abastadas, quando congeminou o sistema do condicionamento industrial, criando monopólios e protegendo-os de uma sã concorrência, que é a característica de uma economia de mercado.

Aquela classe de pessoas, ao tempo da ditadura, até podiam ter ideais de justiça social e de liberdade e, sem dúvida, muita dessa gente contribuiu para a criação das novas condições políticas de democracia instaurada após a revolução dos cravos. Mas lá no fundo, germinava ao mesmo tempo uma revolta e uma aspiração a poderem vir a partilhar uma parte do bolo do poder económico e social com a antiga casta intocável da ditadura.

Tudo isto está assente no mais básico do ser humano que, resumidamente, se pode designar como a procura da felicidade. Infelizmente, e com o passar do tempo e da prática democrática no novo regime, o aspecto que veio a vingar foi, e dada a dificuldade em implementar os ideais mais nobres do ser humano (a palavra utopia passou a ter uma conotação depreciativa, quando antes era motivo de mobilização e exaltação), aquilo que foi vencendo foi o segundo aspecto - uma vez desistidos da utopia, haveria então que procurar a felicidade na tal partilha do bolo, na procura do "ter". Mas como este "ter" nunca satisfaz totalmente o ser humano (depois do fiat vem o ford, depois o jaguar, depois o ferrari, depois o rolls royce...etc), aquilo que se foi estabelecendo  foi o domínio do aparelho de estado para satisfazer esta fome insaciável de mais e mais poder, mais e mais riqueza.

Temos, portanto, hoje, a par das velhas famílias ricas, uma nova classe de gente na política e no estado e suas empresas, completamente afastada da realidade do resto do povo, da maioria da classe média que vê a vida a deteriorar-se ao longo dos anos, após um primeiro período em que obteve melhorias de vida significativas.

A tendência actual é, assim, o aprofundamento enorme do fosso entre os mais ricos e os mais pobres, o endividamento insustentável do país e o amadurecimento duma situação social e política de crise grave.

Tudo isto se deve à procura da felicidade lá onde ela não pode ser encontrada de forma durável. No mundo das coisas materiais tudo é transitório e o "hipe" do poder tende cada vez mais a transformar-se em desastre pessoal para a vida dos envolvidos que verão o seu nome na lama, depois de serem atirados para práticas cada vez mais imorais e mesmo ilegais para satisfazer o seu "drive" infinito para mais e mais...

Ter ou não ter - será a questão?
Shakespeare deixou outra afirmação à humanidade, muito mais certa, muito mais verdadeira quanto àquilo que está na base da verdadeira satisfação humana. "Ser ou não ser - eis a questão!".
Muito antes dele, nos alvores da humanidade, a tradição védica, tinha-nos já legado esta mesma ideia e conhecimento sobre quem é o homem, qual o objectivo da sua vida, onde se pode procurar aquela satisfação e prazer que são duráveis e que não nos levam de prazer em prazer mundano, como folhas ao sabor do vento, sem rumo ou destino nem verdadeiro conhecimento da real natureza humana.

Depois dela, verdadeiros marcos do conhecimento humano em várias tradições culturais repetiram-no vezes sem conta para quem quisesse ouvir: Sócrates (o original), Platão, Confúcio, Buda, Jesus Cristo, Shankara, etc., etc.

Na actualidade, tivemos até há muito pouco tempo, Swami Brahmananda Sarasvati e Maharishi Mahes Yogi, que nos deixaram uma forma prática e fácil de chegar ao tal Ser, de o experimentar diariamente, e de o incorporar, através da prática regular da técnica de Meditação Transcendental, na prática da nossa vida diária.
Budha

Jesus
Neste aparente beco sem saída a que chegámos como povo e como projecto, há pois uma luz ao fundo do túnel! A melhor forma de lidar com as questões práticas da vida de uma pessoa ou de um povo, é retirarmo-nos primeiro para o silêncio do nosso Ser interior, tal como o arqueiro, que para atirar a seta à maior distância, a puxa primeiro no arco alguns centímetros para trás. Quando o fazemos regularmente, e quando isso passa a fazer parte da nossa rotina de vida, estamos a estabelecer um novo paradigma de acção, em que a luz desse Ser ilumina naturalmente o conjunto da nossa actividade, tanto a nível individual como colectivo. Com menos stress e mais luz interior, a vida torna-se mais fácil, os problemas, quaisquer que eles sejam, dissolvem-se nas soluções simples e naturais que nos surgem de dentro.

Maharishi
Talvez , portanto, esta crise em que estamos todos a deixar que a nossa consciência desague, seja o novo ponto de partida para um novo projecto de povo, um projecto que, no entanto, se tem mantido sempre na alma dos mais sensatos e sensíveis de entre os nossos melhores. Muitos políticos, por esse mundo fora, estão a entrar nesta nova consciência da realidade. Mais tarde ou mais cedo, e, quanto mais não seja, por arrasto, também os nossos políticos acordarão para a nova e velha realidade, que está aí mesmo, dentro de si! Esse será o momento, o "turning point", em que a política será a arte da felicidade, de criar a felicidade do povo e deixar que a felicidade invada a vida privada e a vida social, cumprindo-se assim a razão da vida: ser feliz!

Maharishi: a nova voz!

Humbolt, Sep., 1970

 Maharishi: ... o Prana é naturalmente refinado (durante a MT). Não temos que fazer nada para o refinamento do prana - o prana é refinado naturalmente. 
Com todas estas experiências que estamos a ter a nível pessoal, percebemos que Patanjali apenas advocou a Meditação Transcendental. Esta é a alma de todos os iogas. Esta é a filosofia do ioga. Nós não somos responsáveis pelas interpretações erradas do smadhi e se as interpretações erradas se tornaram comuns em todo o lado, apenas podemos lamentar toda esta situação e começar a refrescar toda a atmosfera.


Se toda a gente passou a estar errada... alguém me disse na Índia - numa palestra aberta como esta - ele disse "Você quer dizer que todos estes santos que têm existido estavam errados e que somente você está certo?" Eu disse "Quando olho para a vossa vida só posso concluir que esta nova voz está certa. E todas as velhas vozes, venham de onde venham, devem ter vindo do campo da ignorância".


Nós não sabemos quem o disse, mas quem quer que seja que advocou a concentração, o controlo, necessidade de desapego, de renúncia do mundo para a iluminação, quem quer que fosse, ele não sabia do que estava a falar. (risos)
Quem quer que seja - pode até ser uma encarnação de Deus a falar a partir do céu, mas nós diremos, páre por favor. (risos) Vamos ouvir a voz da terra.


Toda a coisa está a ser mal interpretada. Interpretações erradas dos Vedas, dos Upanishads, Gita, de toda esta filosofia do Vedanta, filosofia do Ioga - toda esta questão está metida numa trapalhada que nós esperamos, com esta voz de renascimento - e este (MT) é um sistema tão natural e simples para dar a experiência da realidade interior - que a situação mude e o entendimento mude, mas é uma tarefa que necessita de tempo e devoção...  

A devoção a Deus acontece no nível do Ser, não no nível do pensar, Humbolt, 1970.

P: Na introdução que faz ao seu comentário ao Gita, o senhor salientou, sobre Shankaracharya,  que "na ausência do sol, tomam lugar as estrelas mais pequenas" e eu gosto muito dessa frase.

MAHARISHI: você gosta porque é verdade. Todos os dias podemos ver que quando o sol se põe, as estrelas tomam o seu lugar. Essa é a nossa experiência de todos os dias. Todos os dias, no céu, isto continua a acontecer.

P: Na ausência de Shankara, da forma como ele expôs o Vedanta, estarão Ramanuja e os outros (comentadores) correctos?

MAHARISHI: O principal erro de Ramanuja e Madva e todos os outros foi o de menosprezarem a percepção transcendental. Ao advogarem a devoção, eles menosprezaram esta consciência pura e estabeleceram o seu campo da devoção no nível de 'pensar em Deus' - cantando a Deus, rezando a Deus, pensar a toda a hora em Deus.

A devoção é algo do campo do Ser. Vivemos isso na vida. Não temos necessidade de dizer "amo-te tanto" e não temos que passar o tempo a dizer "amo-te tanto". O amor é uma coisa no nível da vida. Nós vivemos isso... vivemos isso espontaneamente - particularmente, o amor ilimitado cujas ondas são tão grandes que chegamos a sentir o toque de Deus.

O amor é uma coisa da vida. Está no nível do Ser. E desligar o Ser do campo da devoção é levar a devoção a perder a base... é como construir um castelo no ar. Não é possível. Não é possível estabelecer o campo da devoção independentemente da percepção pura.

Quando estas pessoas começaram a expôr sobre a devoção, elas limitaram-se a permanecer no nível do elogio de Deus. Se a nossa consciência estiver saturada da consciência de bem-aventurança, se o o nosso coração e mente estiverem cheios com aquela consciência pura, então a canção de Deus é apenas uma onda de bem-aventurança.

Só quando a consciência é universal, é que estes cânticos e estas preces têm um significado, ao contactarem com aquele campo do Todo-Poderoso. Caso contrário é apenas pensar e glorificar o banco, mas permanecendo no mercado. Choramos pelo banco, ficamos no mercado e pensamos no banco e telefonamos para o banco e elogiamos o banco e fazemos todo o tipo de coisas na rua do banco. Mas se não entramos no banco, o banco não nos vai ser particularmente útil.

Quando estas pessoas depois de Shankara começaram a glorificar a devoção, eles não salientaram este aspecto da consciência transcendental, e devido a isso, os seus seguidores, mesmo que embalados numa predisposição para a devoção, sentiram algumas ondas de felicidade nesses estados de espírito, mas não conseguiam chegar à iluminação que a devoção traz - não conseguiam chegar à Consciência de Deus, que é a meta de toda a devoção.

E, portanto, eles não duraram. "eles não duraram" quer dizer, o seu ensinamento permaneceu ineficaz - apenas permaneceu ineficaz. E as pessoas foram dissuadidas de continuar a desperdiçar o seu tempo chorando por Deus ou querendo a Deus ou todo o tipo de coisas que foram catalogadas de prática devocional, mas que resultaram em estados de auto-convencimento. É um desperdício de vida...

Brahman

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"Fica em paz, porque Brahman é paz. E faz com que a tua acção tenha a natureza de Brahman. Porque, fazendo tudo como sendo uma oferta a Brahman, tornar-te-ás instantaneamente Brahman. O Senhor habita em tudo. Ao realizar todas as tuas acções como uma oferenda a Ele, brilha como o Senhor adorado por todos. Torna-te um verdadeiro sanyaasi (renuncia), abandonando firmemente todos os pensamentos e noções; assim libertarás a tua consciência.

O cessar de todos os pensamentos e noções ou imagens mentais e o cessar do pesado condicionamento psicológico são o Ser supremo de Brahman. Preserverar para alcançar este fim é conhecido tanto como ioga como sabedoria (Jñaana); a convicção de que Brahman é tudo, incluindo o mundo e o "Eu", é conhecida como 'oferecer tudo a Brahman'.

Brahman é vazio dentro e vazio fora (indiferenciado e homogénio). Não é um objecto de observação, nem é diferente do observador. O aparecimento do mundo (aparência do mundo) surge nele como uma sua parte infinitesimal. Porque o mundo é, de facto, apenas uma aparência, é na realidade vazio, sem nada e irreal (não-real). Misteriosamente, surge em tudo isto um sentimento 'Eu', que é infinitesimal em comparação com a aparência do mundo"

- O Senhor Krishna quando dá instruções a Arjuna no campo de batalha, O Supremo Ioga, Uma Nova Tradução do Ioga Vasistha. (com os agradecimentos ao Jorge Angelino)
"Fica em paz, porque Brahman é paz. E faz com que a tua acção tenha a natureza de Brahman. Porque, fazendo tudo como sendo uma oferta a Brahman, tornar-te-ás instantaneamente Brahman. O Senhor habita em tudo. Ao realizar todas as tuas acções como uma oferenda a Ele, brilha como o Senhor adorado por todos. Torna-te um verdadeiro sanyaasi (renuncia), abandonando firmemente todos os pensamentos e noções; assim libertarás a tua consciência.

O cessar de todos os pensamentos e noções ou imagens mentais e o cessar do pesado condicionamento psicológico são o Ser supremo de Brahman. Preserverar para alcançar este fim é conhecido tanto como ioga como sabedoria (Jñaana); a convicção de que Brahman é tudo, incluindo o mundo e o "Eu", é conhecida como 'oferecer tudo a Brahman'.

Brahman é vazio dentro e vazio fora (indiferenciado e homogénio). Não é um objecto de observação, nem é diferente do observador. O aparecimento do mundo (aparência do mundo) surge nele como uma sua parte infinitesimal. Porque o mundo é, de facto, apenas uma aparência, é na realidade vazio, sem nada e irreal (não-real). Misteriosamente, surge em tudo isto um sentimento 'Eu', que é infinitesimal em comparação com a aparência do mundo"

- O Senhor Krishna quando dá instruções a Arjuna no campo de batalha, O Supremo Ioga, Uma Nova Tradução do Ioga Vasistha. (com os agradecimentos ao Jorge Angelino)