Tradução minha (não autorizada) do post “Transcending all knowledge” – St. John of the Cross
do Blog:
http://www.tm.org/blog/meditation/pure-and-simple-wisdom/
S. João da Cruz
1542 -1591 Espanha
Nascido perto de Ávila, Juan de Yepes Álvarez entrou para a ordem dos Carmelitas aos 21 anos de idade, tendo-se mudado para Salamanca , no oeste de Espanha, onde estudou filosofia e teologia na universidade da cidade. Foi ordenado padre quando tinha 25 anos.
Por esta altura conheceu Santa Teresa d’Ávila, que o inspirou, com o seu trabalho, na reforma da ordem carmelita, procurando restaurar o seu carácter contemplativo original. S. João trabalhou com ela nos dez anos seguintes, estabelecendo e ajudando na administração de mosteiros em toda a Espanha.
Alguns dos seus superiores, tentando contrariar os seus esforços, prenderam-no quando tinha 35 anos. Apesar de uma instância superior da hierarquia carmelita ter aprovado o seu trabalho, permaneceu preso por nove meses e foi tratado com severidade. A partir da sua pequena célula surgiu o seu trabalho mais famoso, O Cântico Espiritual. Passados nove meses fugiu e continuou o seu trabalho. Foi canonizado em 1726 e em 1926 foi nomeado Doutor da Igreja, a honra mais alta.
Nos seus escritos, S. João descreve experiências que nos lembram a transcendência – a experiência, durante a prática da Meditação Transcendental, de a mente se aquietar interiormente, para além do pensamento e da percepção, num estado de um sereno despertar interior e de paz profunda.
S. João compara esta experiência ao acordar:
[A alma] é transportada e acordada a partir do sono da visão natural até chegar à visão sobrenatural. Assim, podemos de forma muito adequada usar o termo “acordar” [1]
Ele continua:
A sua alma, na sua simplicidade e pureza, será então imediatamente transformada em simples e pura Sabedoria. [2]
O estado de repouso em alerta que se cria naturalmente pela técnica de Meditação Transcendental é um quarto estado principal da consciência, para além dos estados familiares de vigília, sonho e sono. Maharishi chama-lhe Consciência Transcendental e descreve-o como um estado de conhecimento, de experiência de conhecimento puro, de consciência percebendo-se apenas a si mesma – “sabedoria pura”, nas palavras de S. João da Cruz.
No Cântico Espiritual, S. João diz-nos que embora esteja, em última análise, para além das palavras, é um estado de bem-aventurança refrescante no qual a alma (consciência) está unificada consigo mesma:
“Muito pouco disto é descritível, pelo que nunca poderíamos ter sucesso em explicar plenamente o que acontece na alma que chegou a este estado de felicidade…
Esta doçura apodera-se internamente dela de tal modo que nada de doloroso a consegue atingir…
Esta canção é tão encantadora que enche de deleite e enamora os seus ouvintes e os faz esquecer todas as coisas como se estivessem a ser transportadas. Da mesma forma a delícia desta união absorve a alma dentro de si mesma e dá-lhe grande frescura.” [3]
Este conhecimento tem o sabor da essência divina e da vida eterna… Alguns destes toques divinos produzidos na substância da alma são tão enriquecedores que apenas um deles seria suficiente não só para remover definitivamente todas as imperfeições que a alma tivesse sido incapaz de erradicar ao longo de toda a sua vida, mas também para a encher de virtudes e bênçãos de Deus. [4]
O estado profundamente repousante da Consciência Transcendental dá ao corpo a oportunidade de dissolver o stress com uma eficácia excepcional. Ao mesmo tempo, a mente aquietou-se na sua fonte, a consciência pura, um campo de criatividade e inteligência infinita.
S. João da Cruz dá-nos a sua descrição mais extensa desta experiência no seu poema “Estrofes Referentes a um Êxtase Experimentado em Contemplação Elevada”. Ele fecha cada estrofe com a frase transcendendo todo o conhecimento. Por isto ele quer dizer ir além de qualquer coisa que possa ser conhecida intelectualmente pela mente – transcendendo todo o pensamento, todo o conteúdo mental.
Entrei no não conhecer
No entanto, quando me vi lá
Sem saber onde me encontrava
Compreendi grandes coisas;
Não direi o que senti
Já que permaneci no não conhecido
Transcendendo todo o conhecimento.
Esse conhecimento perfeito
Era de paz e de totalidade
Mantido sem remoção
Em profunda solidão;
Era algo tão secreto
Que fiquei a balbuciar,
Transcendendo todo o conhecimento.
Fiquei tão apossado,
Tão absorvido e retirado,
Que os meus sentidos ficaram
Privados de todas as funções,
E ao meu espírito foi dado
Uma compreensão que não compreendia,
Transcendendo todo o conhecimento
Aquele que realmente ali chega
Liberta-se de si mesmo;
Tudo o que sabia antes
Parece agora sem valor,
E o seu conhecimento assim soa
Que ele é deixado no não conhecer
Transcendendo todo o conhecimento.
…………………..
Este conhecimento é não conhecimento
É de tal modo abrangente
Que nem homens sábios ao discuti-lo
O podem alguma vez vencer,
Porque o seu conhecimento não alcança
A compreensão da não compreensão,
Transcendendo todo o conhecimento.
E este conhecimento supremo
É tão exaltado
Que nenhum poder do homem ou estudo
O pode alcançar;
Aquele que é mestre de si mesmo
Estará, com o conhecimento do não-conhecimento,
Sempre a transcender.
E se quiseres ouvir:
Este mais alto conhecimento reside
No sentido mais elevado
Da essência de Deus;
Esta é uma obra da sua misericórdia,
Para nos deixar sem conhecimento,
Transcendendo todo o conhecimento. [5]
S. João descreve um estado em que os seus sentidos se voltaram para dentro, deixando a sua consciência em “solidão profunda”, desperta e entregue a si mesma. Neste estado de “conhecimento perfeito”, de “paz e santidade”, todo o restante conhecimento “parece agora sem valor”. Aqui, de novo, as suas palavras têm um paralelo com as de Maharishi quando descreve a Consciência Transcendental.
S. João da Cruz preza muito esta experiência – nada tem mais valor. Foi a fonte da sua força espiritual e, em última análise, da sua grandeza.
Temos hoje a sorte de ter um procedimento simples, natural, que não envolve esforço, a técnica de Meditação Transcendental, que permite que qualquer um tenha a bela experiência de transcendência descrita por S. João da Cruz, também por Santa Teresa d’Ávila, e por tantas outras grandes figuras ao longo do tempo e em todo o mundo.
A técnica de Meditação Transcendental não é uma prática religiosa. Praticam-na pessoas de todas as religiões e de todas as origens – e verificam frequentemente que o crescimento da consciência que resulta da prática aprofunda o seu entendimento do verdadeiro significado da religião que professam. Isto para além dos outros inúmeros benefícios documentados em mais de 650 estudos científicos – funcionamento cerebral crescentemente mais integrado, aumento da criatividade e inteligência e da maturidade moral, melhoria da saúde e bem-estar, desenvolvimento equilibrado da personalidade, relações interpessoais mais calorosas e muito mais.
Todas as pessoas da terra têm a capacidade natural para transcender, para experimentar este quarto estado principal da consciência e desfrutar da multitude de benefícios que traz. A experiência da transcendência é natural e universal e reveste-se de um valor profundo. Graças a Maharishi, existe agora uma técnica simples que abre a porta deste tesouro interior a toda a gente.
REFERÊNCIAS[1] A Chama Viva do Amor, 4:6.
[2] Obras completas de São João da Cruz trad. Kieran Kavanaugh e Otilio Rodriguez (1964; reprint, Washington, D.C.: ICS Publications, 1973), 149.
[3] Obras Completas, 494.
[4] Obras Completas, 195.
[5] Obras Completas, 718–719.
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Dr. Craig Pearson é Executive Vice-President da Maharishi University of Management em Fairfield, Iowa. Serviu a Universidade numa variedade de funções ao longo de 33 anos, nomeadamente, Dean of Students, Director of Maharishi University of Management Press, Director of Freshman Composition, e Professor of Professional Writing.
Tem um doutoramento em Maharishi Vedic Science pela MUM e é autor de dois livros sobre o desenvolvimento do pleno potencial humano, The Complete Book of Yogic Flying e The Supreme Awakening: Developing the Infinite Potential Within (em preparação). É também membro da Board of Directors da Maharishi School of the Age of Enlightenment.
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