Saturday, March 03, 2012


Cinco coisas que deve saber sobre o stress...


William Stixrud, Ph.D., é neuropsicólogo clínico e director da William Stixrud & Associates em Silver Spring, Maryland, EUA - uma prática de grupo especializada na aprendizagem, na atenção e em desordens emocionais. O Dr. Stixrud é membro adjunto do corpo da faculdade na Children’s National Medical Center in Washington, D.C.



1 - O que é o stress?
Dr. Stixrud: O stress é qualquer coisa que perturba a homeostase do corpo, levando-o a entrar em 'resposta de luta ou fuga'. Certas coisas acontecem à mente e ao corpo quando temos que responder a um estímulo stressante – temos uma erupção de adrenalina, os músculos ficam mais fortes, os sentidos mais despertos, e conseguimos às vezes fazer coisas incríveis, como uma mãe levantar um carro quando o seu filho está em perigo. No entanto, se a resposta ao stress se mantiver, o cortisol (a hormona do stress) continua a inundar o sistema. O grande desafio da vida moderna está no facto de o stress ser tão prevalente que muitas pessoas mantêm uma resposta de stress crónica, o que quer dizer que se mantêm no modo de resposta de luta ou fuga durante muito tempo. O stress crónico é sempre mau. 

2- O que faz o estress ao cérebro?
Dr. Stixrud: Uma coisa importante é que o stress altera o equilíbrio dos neurotransmissores no córtex pré-frontal, a parte do cérebro que fica mesmo por trás da testa, que é responsável pelo pensar de forma clara, e levar a cabo um comportamento com um determinado sentido e dirigido a uma meta. Esta alteração faz com que seja muito difícil prestar atenção, organizar o pensamento, lembrar o que é preciso lembrar e adaptar com flexibilidade às exigências da vida. Como afirmou o Dr. Daniel Goleman, “o estress torna-nos estúpidos” – porque fecha a parte pensante do cérebro para podermos responder à ameaça de forma instintiva e reflexiva. Os estudantes que estão muito dominados pelo stress, portanto, tentam aprender e produzir trabalho escolar com cérebros que trabalham num nível de eficiência muito baixo.Também é verdade que o stress crónico – estar stressado por um período temporal longo – acaba, de facto, por matar células cerebrais e fazer encolher partes do cérebro que são extremamente importantes para pensar e aprender. Por exemplo, pessoas que estiveram deprimidas ou sofreram de sintomas de PTSD (stress pós-traumático) durante muitos anos têm, em geral, um hipocampo, o maior centro do cérebro para a criação de memórias, mais pequeno, e isto coloca-as numa situação acrescentada de risco de Alzheimer e de demência relacionada com a idade. Como resultado do stress crónico, também se verifica o encolhimento do córtex pré-frontal, e a amígdala, a parte que detecta a ameaça, começa a trabalhar mais tempo que o desejável, tornando-se, na realidade, maior. Portanto, quanto maior for a ansiedade e o stress, mais ansiosos ainda nos tornamos.

3- Como é que o stress afecta a saúde mental?
Dr. Stixrud: No desenvolvimento das desordens da ansiedade e da depressão, a causa mais significativa é a experiência e não a genética, e o principal aspecto da experiência que cria estes problemas de saúde mental é o stress. Os ratos mostram sintomas de depressão se forem simplesmente injectados com hormonas de estress. Em humanos, se usarmos um scanner MRI (imagem por ressonância magnética) para observar cérebros de adolescentes ou adultos com uma desordem de ansiedade ou depressão, aquilo que é evidenciado com maior consistência é a hiperactividade da amígdala, o que mostra que estes indivíduos estão altamente stressados. Ora, estando estes problemas relacionados com o stress, a verdade é que eles podem, em grande medida, ser prevenidos . A prevenção é muitíssimo importante porque os problemas de ansiedade e depressão estão a surgir cada vez mais cedo nas crianças. Os investigadores estão convencidos de que a depressão cria marcas ou cicatrizes no cérebro em desenvolvimento, causando uma maior susceptibilidade para mais episódios de depressão. Portanto, a prioridade deve ser a de reduzir estas marcas que ficam no cérebro, reduzindo os problemas relacionados com o stress.

4 - Como podemos evitar que o stress tenha um efeito adverso?
Dr. Stixrud: Uma resposta de stress saudável dá-se quando as hormonas do stress aumentam dramaticamente para ajudar a responder ao estímulo stressante, mas depois voltam rapidamente ao normal. Nas pessoas que estão frequentemente em stress, é o oposto – os níveis de stress permanecem relativamente altos, mas aumentam lentamente numa emergência, e levam muito tempo para diminuírem. A prática da Meditação Transcendental normaliza a resposta do stress, o que quer dizer que os níveis das hormonas do stress são normalmente baixos, aumentam rapidamente na resposta à ameaça, e depois diminuem em pouco tempo. Queremos uma resposta ao stress que seja saudável, mas o que não queremos é uma resposta de stress crónico. Queremos que o corpo nos ajude a fazer o que temos que fazer quando estamos sob ameaça, mas não queremos que a resposta de stress permaneça sempre ligada. Com miúdos stressados, o nível de eficiência mental é tão baixo que lhes é difícil funcionarem. A investigação mostra que os miúdos que meditam têm bons resultados na escola porque os seus cérebros estão a funcionar em níveis mais altos de eficiência.

5 - Como se pode prevenir o stress em crianças e adultos?
Dr. Stixrud: Não dormir o suficiente é uma forma de stress crónico. Tem efeitos no cérebro e no corpo que outras formas de stress também têm. E os americanos estão cronicamente privados de sono, dormindo 20% a 25% menos do que faziam há 100 anos atrás, antes do advento da electricidade. Podemos prevenir e aliviar o stress se tivermos repouso suficiente. Isto quer dizer dormir até acordar sem um despertador – é assim que sabemos que estamos a dormir o suficiente. A evidência científica mostra também que o exercício físico diário, tal como andar, ajuda a aliviar o stress no corpo e no cérebro. O papel da Meditação Transcendental é fornecer um repouso profundo ao sistema nervoso, mais do que o sono profundo. Proporciona este repouso profundo tornando a mente mais alerta ao mesmo tempo. É esta combinação que cria uma maior resiliência sob stress. A técnica de MT é muito boa para o cérebro em desenvolvimento. Os adolescentes podem praticá-la com muita facilidade. Têm um centro, uma essência de paz e felicidade dentro deles próprios à qual podem aceder. Quanto mais o fazem, mais descobrem que são menos reactivos ao stress. E se, ainda assim, ficarem com stress, ele desaparece mais rapidamente. Eles dormem melhor de uma forma geral, alimentam-se melhor com mais facilidade, e são mais capazes de lidar com os contratempos da vida de forma bem sucedida. Estes miúdos apenas precisam de antídotos para os stressores na vida, que podem ser drogas, álcool ou privação do sono. O programa de MT também reduz significativamente o risco de diabetes tipo 2. Ao desestressar os miúdos, penso que também reduzimos significativamente o risco de problemas relacionados com o coração e a obesidade. Há uma boa evidência de que a técnica de MT, ao fornecer um instrumento para desestressar de forma sistemática, permite que o coração trabalhe melhor, e se o coração trabalha melhor, o cérebro trabalha melhor. Coloca os miúdos em menor risco de todos os tipos de problemas relacionados com o stress. 

Tradução minha do post do blog da Meditação Transcendental dos EUA (http://www.tm.org/blog/people/reduce-stress/)





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