O sábio vidente Laozi viveu na capital e serviu como guardião dos arquivos na côrte real. Como homem de grande sabedoria que era, atraía muitas pessoas, que se juntavam ao seu redor, considerando-o como um mestre. Mas ele não estava satisfeito com a decadência moral da cidade e do reino. Portanto, decidiu partir.
Viajou para oeste. O seu plano era atravessar a fronteira oeste do país e, aí, na fronteira, em solidão, passar os últimos dias da sua vida.
Mas quando alcançou o portão ocidental do reino, o guarda reconheceu-o. Apelou-lhe então a que fizesse um registo escrito da sua sabedoria antes de sair do país definitivamente.
Assim, de acordo com a lenda, nasceu o Tao Te Ching (ou Dao De Jing). O sábio da China era Laozi.
Deste importante trabalho emergiram as tradições filosóficas e religiosas conhecidas como Taoismo (ou Daoismo), que têm constituído uma força muito ponderosa no leste asiático ao longo dos últimos 2 milénios, e que espalhou a sua influência no ocidente nos últimos dois séculos.
Tenho lido as obras de Laozi nos últimos anos. Acabei agora de ler um livro menos conhecido que lhe é atribuído, chamado Wenzi. É difícil imaginar como seria a vida na China no século VI antes de Cristo – há 2.600 anos – quando Laozi e os seus discípulos viveram. Mas os seus ensinamentos não podiam ser mais relevantes para as nossas vidas na actualidade.
Sabemos muito pouco sobre Laozi. Alguns académicos acreditam que as obras que lhe são atribuídas foram escritas por um conjunto de pessoas ao longo do tempo. Alguns interrogam-se sobre a real existência deste homem. Mas estes aspectos não são relevantes. O que importa é a sua sabedoria, e quem quer que tenha escrito estas obras, tinha, de facto, uma grande sabedoria.
Qual é o ensinamento central de Laozi?
A coisa mais importante que se pode fazer durante a nossa vida, assegura Laozi nestes trabalhos, é adquirir um estado de percepção silenciosa – abrir a mente à sua fonte:
“A pessoa superior aquieta a sua mente como o universo aquieta as estrelas no céu. Ao conectar a mente com a origem subtil, ele acalma-a. Uma vez calma, ela expande-se naturalmente, e acaba por ficar tão vasta e incomensurável como o céu nocturno.”E, de novo:
“Permanece quieto. Descobre a harmonia no teu próprio ser. Abraça-a. Se fores capaz de fazer isto, conseguirás tudo, e o mundo tornar-se-á saudável de novo. Se não fores capaz, ficarás perdido nas sombras para sempre.”E, de novo:
“À mente que está quieta, todo o Universo se rende.”O que se experimenta quando se faz isto? A este campo fundamental da vida Laozi deu o nome de Dao, ou Tao. Dao é normalmente traduzido por "o Caminho" ou "a Via". O termo é muitas vezes entendido como “natureza”.
Se praticarmos a técnica de Meditação Transcendental e compreendermos o ensinamento Maharishi sobre a consciência e a lei natural, as palavras de Laozi brilham com uma nova luz.
Percebemos imediatamente que este homem sábio está a falar sobre Transcender. Muitas pessoas que praticam a técnica de Meditação Transcendental tiveram experiências iguais às que ele descreve. Eis um exemplo:
“Lembro-me muito bem do dia de instrução [na técnica de Meditação Transcendental], a minha experiência clara de transcender. Após as instruções do professor, sem saber o que esperar, comecei a descer a níveis cada vez mais profundos de relaxamento, como se me estivesse a afundar na cadeira. Depois, por algum tempo, talvez um minuto, ou alguns minutos, experimentei um estado silencioso interior de ausência de pensamentos, apenas percepção pura e nada mais; depois voltei a ficar consciente do meio-ambiente. Deixou-me com uma sensação profunda de leveza, renovação interior e felicidade.”
Como muitos meditantes percebem, o Tao não é um qualquer conceito abstracto. É o campo da consciência pura, a fonte do pensamento, na profundidade interior. É também a fonte de todas as leis da natureza, o campo unificado da lei natural descrito matematicamente pela física quântica.
De cada vez que meditamos, cada vez que transcendemos, experimentamos este campo ilimitado, a inteligência que governa a natureza. Nós despertamo-la. Avivamo-la. A nossa consciência expande-se. A nossa criatividade e inteligência aumenta. Os nossos pensamentos e acções ficam em harmonia com a lei natural. A força da lei natural reúne-se atrás de cada um dos nossos pensamentos e acções, permitindo-nos realizar os nossos desejos sem esforço.
Este mesmo campo é descrito generalizadamente em todas as grandes tradições filosóficas e religiosas do mundo. Platão refere-se a ele como o Bem e o Belo. Aristóteles chama-lhe Ser. Para Plotíneo, é o Infinito, para S. Bernardo de Clairvaux, a Palavra, para Ralph Waldo Emerson, a Alma Além. É referido no mundo cristão como o Reino do Céu que está no interior, no Judaísmo, como Ein Sof. A experiência directa deste campo transcendental é referida na Índia como Ioga, no Budismo, como Nirvana, no Islão, como fana, no cristianismo, como casamento espiritual. É um ensinamento universal baseado numa realidade universal e numa experiência universal.
Sempre que leio uma grande obra como o Tao Te Ching ou o Wenzi, aprecio a grandeza destas pessoas iluminadas do passado que propuseram no seu tempo este ensinamento universal tão belo, cujas palavras continuam a inspirar-nos e guiar-nos hoje.
E aprecio o que temos com Maharishi – uma técnica simples, natural e sem esforço que qualquer pessoa pode aprender e praticar, e através da qual podemos desfrutar da experiência sem preço de transcender duas vezes, todos os dias.
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O Dr. Craig Pearson é Executive Vice-President da Maharishi University of Management em Fairfield, Iowa. Exerceu na Universidade uma variedade de funções ao longo dos últimos 33 anos, nomeadamente, Dean of Faculty, Dean of Students, Director of Maharishi University of Management Press, Director of Freshman Composition, e Professor of Professional Writing.
Tem um Doutoramento em Maharishi Vedic Science pela MUM e é autor de dois livros sobre o desenvolvimento do pleno potencial humano, The Complete Book of Yogic Flying e The Supreme Awakening: Developing the Infinite Potential Within (a ser publicado em breve). É também membro da Board of Directors da Maharishi School of the Age of Enlightenment.
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